O
envelhecimento da população brasileira e seus desafios
Patrick Cândido, estudante do 6° período do curso de Jornalismo da Faculdade Araguaia-Goiânia-Goiás |
Patrick Cândido-Artigo- Até a pouco, em termos demográficos, o
adjetivo “jovem” vinha quase que automaticamente conjugado com o que se
denominava de “Terceiro Mundo”. E Terceiro Mundo vinha associado à
subdesenvolvimento. Subdesenvolvimento, por sua vez, trazia à tona
outra expressão carregada de negativismo e até ameaças: “explosão demográfica”.
Já o que se denominava de “Primeiro Mundo” vinha com equilíbrio populacional e
até com “cabelos brancos” como símbolos de maturidade e de progresso.
Deste confronto entre Primeiro e Terceiro
Mundos, parecia emergir uma conclusão lógica: para resolver seus problemas
sócio-econômicos e políticos o Terceiro Mundo deveria ser subsidiado para
assumir o mais rapidamente possível os pressupostos ideológicos que estariam
dando certo no Primeiro Mundo. Desenvolvimento só seria viável com controle da
natalidade. Já vimos que hoje, com razão, se distinguem os
idosos “jovens” dos idosos, “idosos”. Ou seja, além da idade cronológica, é preciso
ter presentes as várias etapas e as diferentes circunstâncias que marcam a vida
das pessoas de mais idade.
Na busca de uma melhor compreensão dos
fatores determinantes, ainda que sabidamente todos eles habitualmente atuem de
forma conjugada, talvez convenha sinalizar alguns que se colocam com maior
evidência e outros que nem sempre são devidamente avaliados. No tocante aos
primeiros, bastam alguns acenos. No que se refere aos segundos, convém fazer
algumas distinções e considerações um pouco mais desenvolvidas.
Entre os fatores em maior evidência em nossos
dias se coloca naturalmente o patrimônio genético.
Embora haja uma forte tendência para o
reducionismo, no sentido de remeter ganhos e perdas automaticamente e quase que
exclusivamente para a genética, não há como negar sua influência na provável
longevidade. E naturalmente junto com os fatores genéticos não podem ser
negados os fatores biológicos, que, de uma maneira ou de outra, vão imprimindo
suas marcas físicas e psíquicas mais ou menos acentuadas.
Tão ou mais importantes do que os fatores
assinalados, são aqueles que nem sempre são devidamente avaliados, e que no
entanto exercem um peso importante na configuração de uma velhice bem, ou então
mal sucedida. Entre esses fatores sobressaem alguns de cunho pessoal, na linha
da psicologia e da afetividade, e outros de cunho mais social e na linha das
denominadas políticas públicas. De qualquer forma, uma adequada abordagem
da velhice exige que se supere uma compreensão homogênea de uma fase da vida
que, como todas as outras, carrega consigo as marcas de uma grande
heterogeneidade. Daí a conveniência de acenar para as diferentes expressões dos
rostos das pessoas de idade.
A originalidade do processo de
envelhecimento da população brasileira não se manifesta apenas por
coordenadas histórico-culturais, nem somente pela freada brusca da natalidade.
Uma análise serena, que propicie uma serena busca de superação dos problemas,
não pode esquecer muitos outros fatores que remetem para a história das pessoas,
naturalmente sempre entendidas dentro de um contexto sócio-político e cultural.
Concretamente isso significa que a história pessoal, com sua multiplicidade de
variáveis, pode ser marcada de maneira predominante por emoções e afetos
positivos ou negativos. O cultivo de emoções positivas propicia um mais alto
grau de autoestima. Essa contribui para que as pessoas se sintam impelidas a
comportamentos saudáveis, que por sua vez vão impulsionar um envelhecimento
mais bem sucedido.
Entre os fatores pessoais não podem
igualmente ser esquecidas as convicções religiosas e o maior ou menor cultivo
da espiritualidade. A abertura à transcendência e às relações saudáveis com
Deus e com o próximo, com certeza, asseguram um envelhecimento bem sucedido,
ainda que nem sempre livre de provações e contradições. Pois é a
espiritualidade que vai propiciar o encontro com um sentido de vida,
indispensável para uma vida saudável, justamente quando se acentua a perda da
força física e eventualmente também das forças psíquicas
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