Desafios da terceira idade
Número de idosos cresce no país, mas investimento na classe caminha com ajuda a de bengala.
Patrick Cândido- Eles já passaram dos
60, mas estão em fase de crescimento. O número de idosos no Brasil aumenta em
ritmo acelerado. A estimativa é de que, em quatro décadas, o percentual de
brasileiros com mais de 65 anos triplique. Hoje, são 25 para cada grupo de 100
crianças de 0 a 14 anos. Em 2050, serão 172 idosos para 100 crianças.
E a mudança não será
apenas quantitativa. As pessoas também vão viver mais. A projeção do IBGE é de
que em 2050, a expectativa de vida do brasileiro terá alcançando os 81 anos,
patamar atingido atualmente por países como o Japão, cuja população tem a maior
média de idade do mundo.
Os dados do Censo
2010 confirmaram, mais uma vez, esse processo. Basta citar que o Brasil tinha
23.760 habitantes com mais de 100 anos na época do levantamento. O terceiro
estado com o maior número de pessoas nessa faixa etária, é Minas Gerais, onde
foram contabilizados 2.597 centenários.
A melhoria do acesso
à saúde e a urbanização estão entre os principais fatores que possibilitaram
essa ampliação da longevidade no país. Um salto tão expressivo que, com a média
de idade máxima atingida em 1960 (56 anos), hoje uma pessoa sequer é
considerada idosa. A pressão também tende a aumentar sobre os serviços de
saúde. Em torno de 85% dos idosos do país são atendidos pelo Sistema Único de Saúde
(SUS).
Segundo a
aposentada, Idalice Dourado, 62, os serviços prestados pelo SUS, deixam a
desejar. Pertencente ao grande número de diabéticos no país, ela conta que o
atendimento, mesmo com a chamada “prioridade”, não é notado nas filas dos
hospitais públicos. “Eles não estão nem aí para a idade da pessoa. Muitas
senhoras chegam a passar mal na fila, outras desmaiam. É um absurdo a forma
como somos tratados”, diz.
Além de melhorias no
sistema, é necessária uma mudança na própria formação dos profissionais da
área. Na maioria das cidades, são poucos especialistas no tratamento das
doenças da terceira idade. E os cursos de Medicina continuam formando mais
pediatras do que geriatras.
O envelhecimento
populacional ainda altera a estrutura das famílias, que precisam estar
preparadas, econômica e psicologicamente, para cuidar bem dos seus idosos. O
envolvimento e a participação popular são fundamentais para que leis como o
Estatuto do Idoso saiam do texto para a prática.
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