segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Desafios da terceira idade


Desafios da terceira idade

Número de idosos cresce no país, mas investimento na classe caminha com ajuda a de bengala. 


Patrick Cândido- Eles já passaram dos 60, mas estão em fase de crescimento. O número de idosos no Brasil aumenta em ritmo acelerado. A estimativa é de que, em quatro décadas, o percentual de brasileiros com mais de 65 anos triplique. Hoje, são 25 para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos. Em 2050, serão 172 idosos para 100 crianças.
E a mudança não será apenas quantitativa. As pessoas também vão viver mais. A projeção do IBGE é de que em 2050, a expectativa de vida do brasileiro terá alcançando os 81 anos, patamar atingido atualmente por países como o Japão, cuja população tem a maior média de idade do mundo.
Os dados do Censo 2010 confirmaram, mais uma vez, esse processo. Basta citar que o Brasil tinha 23.760 habitantes com mais de 100 anos na época do levantamento. O terceiro estado com o maior número de pessoas nessa faixa etária, é Minas Gerais, onde foram contabilizados 2.597 centenários.
A melhoria do acesso à saúde e a urbanização estão entre os principais fatores que possibilitaram essa ampliação da longevidade no país. Um salto tão expressivo que, com a média de idade máxima atingida em 1960 (56 anos), hoje uma pessoa sequer é considerada idosa. A pressão também tende a aumentar sobre os serviços de saúde. Em torno de 85% dos idosos do país são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo a aposentada, Idalice Dourado, 62, os serviços prestados pelo SUS, deixam a desejar. Pertencente ao grande número de diabéticos no país, ela conta que o atendimento, mesmo com a chamada “prioridade”, não é notado nas filas dos hospitais públicos. “Eles não estão nem aí para a idade da pessoa. Muitas senhoras chegam a passar mal na fila, outras desmaiam. É um absurdo a forma como somos tratados”, diz.
Além de melhorias no sistema, é necessária uma mudança na própria formação dos profissionais da área. Na maioria das cidades, são poucos especialistas no tratamento das doenças da terceira idade. E os cursos de Medicina continuam formando mais pediatras do que geriatras.
O envelhecimento populacional ainda altera a estrutura das famílias, que precisam estar preparadas, econômica e psicologicamente, para cuidar bem dos seus idosos. O envolvimento e a participação popular são fundamentais para que leis como o Estatuto do Idoso saiam do texto para a prática.

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